É engraçado como a tristeza é inspiradora. Parece-me que, por ser sentimento tão desagradável, corrosivo e profundo, haveria que vir com uma coisa boa; algo que pudesse nos consolar naqueles momentos em que ela insiste em deixar pequenininho nosso coração. Pois bem... Sempre que aparece a tristeza, traz consigo a inspiração.
Hoje, cheia de tristeza, escrevo. Há alguns dias, já, o coração está pequenininho. Sempre que vínculos são rompidos, especialmente se tais vínculos eram cultivados com tamanho apreço e doçura, lágrimas escorregam. Rompeu-se ontem um desses laços: o laço de uma paixão unilateral. Engraçado... Se a paixão era unilateral, não haveria de ser laço. Pois laço era: de um lado, paixão, do outro, sabe-se lá o quê. Carinho, talvez. Rompeu-se esse vínculo... E, olha, era com capricho que eu o mantinha. Capricho que mostrou-se insuficiente, mas era o que eu tinha para dar. Era tudo o que eu tinha para dar. Meu tudo ficou com o outro lado; fiquei só. Fiquei vazia.
Mas esvaziar-se é sinal de recomeço! É sinal de que estou pronta para me encher novamente, para me encher de vida! Só espero que o doutor tempo não economize trabalho, e cicatrize rapidinho os buracos por onde fugiu o outro lado.