Oito no direito, sete e meio no esquerdo. Miopia. Para completar, algum bocado de astigmatismo, que, confesso, nunca soube ao certo o que é e, muito menos, zero vírgula quantos disso eu tenho em meus olhos. Pois bem. Segunda-feira à noite, prova às sete e meia no dia seguinte. Pijaminha, livros e - importante - lentes na caixinha. Gosto de estudar nua de vista. Sem óculos, sem lente. Enquanto me enveredava pelos direitos reais, quase às dez, toca o interfone. Putz!... Essa hora!
- Oi.
- Olá! É o Daniel. Ele veio buscar umas fraldas...
- Fraldas? Hum... Desculpa. Aqui é do 1702. Você - ou o carinha das fraldas - deve ter confundido...
Aí, tudo ficou claro. Minha mãe trouxera, do interior, umas fraldas a serem entregues ao marido da prima da minha prima. Confusa relação de parentesco. Desculpei-me e pedi ao porteiro que deixasse subir o Daniel.
Oi para o Daniel, fraldas entregues em mãos. Voltei aos estudos... Moço simpático o marido da prima da prima!
O problema é que não vi o rosto do Daniel. Eu não me preocupei em por óculos ou lentes para atender a porta... Atendi-a nua, nua de vista. Escutei a voz: achei-a bonita. Imaginei que fosse o marido da prima da prima. Porém, uma semana depois, minha mãe, ao perguntar-me sobre as fraldas, diz:
- E então, o Luís as buscou?
- Luis, mãe? Não. Daniel...
- Luís é o marido. Quem é o Daniel?
- Não sei, mãe, não o vi.
Pensei em mandar um Spotted para o Daniel-voz-bonita. Daniel-sem-rosto. Mas preferi bloggear...
Daniel, apareça!