Cheguei tarde. É isso aí. Você me disse com todas as letras: você chegou tarde, pequena. Por um descuido do tempo, por um capricho da vida, eu me atrasei.
Foi então que parei para pensar...
Talvez, tenha sido o tempo em que peguei a estrada errada. Fui pra outra direção. Fui parar na matemática e tive que voltar.
Na volta, parei para olhar as flores e colher maçãs. Parei para sorrir para quem estava no caminho. Sorri uma, duas, três vezes. Dei as mãos três vezes no caminho de volta.
Já no rumo certo, sorri algumas outras vezes.
Já no rumo certo, conheci você. Na tempo errado. No dia errado. Na hora exata em que os astros, o mundo e o meu coração entraram em compasso, e aceleraram, e correram, e quiseram recuperar o tempo perdido, e quiseram a felicidade, o abraço, o sorriso, o riso, a paixão, o beijo.
Três gotas de chuva caíram do céu e nos fizeram sorrir. Nós, que amamos chuva, que compartilhamos tantos outros gostos que o mundo parece não entender, o destino fez unir. Deitei no seu colo, olhei o céu, as estrelas, as três marias e aquilo era tudo. Era tudo de que eu precisava para voltar a sorrir, a rir, a amar.
- Você chegou tarde, pequena.
Este coração já tem dona.
Talvez, por um capricho do tempo, um descuido da vida.
Eu não sei. Também me pergunto o porquê.
Vá embora, me deixe. O futuro a alguém (a Deus?) pertence. Adeus.
- Adeus, pequeno.
Três gotas de lágrimas que se fizeram mil.
Vim embora. Vim parar em outro continente. Obedeci. Obedeci a vida, o tempo e seus caprichos.
Deixei pra lá. Deixei que fosse feliz. Deixei que seu coração encontrasse o outro coração a quem já pertencia antes mesmo de eu chegar.
Mas e eu?
Eu fico aqui, esperando que a vida conserte sua dívida comigo. Ora, bolas. Eu não me atrasei. Ela me atrasou.