sábado, 9 de outubro de 2010

C. L.

Feriado, solzinho brando e ares do interior de Minas...
E eu, lendo Clarice. Eu não posso ler Clarice. Definitivamente, não posso: sinto-me de tal maneira exposta e dissecada, que eu me sinto mesmo cansada ao findar um livro por ela escrito...
É como se cada palavra revelasse um pedacinho de mim, um pedacinho que, outrora, quisera eu esconder, mas que, agora, encontra-se desprotegido, bruto, fora de mim e de meu controle. É assim o modo como me sinto frente a meus próprios textos - e talvez seja justamente por isso que tanto receio divulgar meus blogs... E assim me sinto, também, em relação aos textos da Clarice.

Engraçado... Muito engraçado e estranho. Porque, embora ela certamente faça parte da porção de escritores que têm minha admiração, não é a minha preferida - cabe, aqui, um parêntese: minha preferência é, aliás, escancarada e
de longa data: raros são aqueles que me conhecem e não desconfiam da secreta paixão por Machado de Assis... Mas, enfim, o fato é que Clarice é a única cujos textos despertam em mim a sensação a que me referi. Talvez seja porque sejamos mesmo parecidas, ou talvez porque ela saiba transparecer com notável clareza todos as esquinas e becos da mente humana...


(Cumpre que se ressalte, entretanto, que expressar-me em palavras como a Clarice é uma de minhas quimeras... Que, obviamente, jamais deixará de ser uma delas para se concretizar em realidade...)

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