sexta-feira, 11 de setembro de 2015

flor (menino) de rua



Já ganhei flores de namorados, de pretendentes e de amigas. Não obstante, nenhuma, ouso dizer, nenhuma, fora tão especial quanto aquela. Era uma dessas tardes chuvosas de início de setembro; era uma dessas infinitas pequenas flores que ganham o chão com os ventos de agosto. Ele, um menino de rua. Eu, uma menina de carro, que chorava o fim de mais um amor. Ele, ao me ver, estendeu-me a mais linda pequena-flor-cor-de-rosa e disse: “você é muito bonita”. Ganhei o dia. Ganhei a vida. É de coisas assim que se ganha a vida; e não daquelas grandiosas promessas falsas que você me fez.

domingo, 28 de junho de 2015

qualcosa per te

Quando eu achei que tudo houvesse, enfim, perdido a cor, você estava lá. Pintado com as cores e com meus sonhos de infância - e de adolescência, e de vida adulta. Com maestria incomparável, lavrava os versos e a prosa de meus dias; com as vírgulas, enchia meu coração de vida e aos meus olhos fazia retornar a esperança.
Guiei-me aos pouquinhos, flutuei em plumas e hermeticamente fechei meu coração. Não adiantou, porém: mais uma vez, a ingenuidade dos meus pensamentos facilmente cedeu à perspicácia dos seus. Vieram a cerveja, o vinho, a música e o banquinho da São Domingos. Vieram as letras, a admiração. E depois veio a angústia. Eu, mais uma vez, fadada às lágrimas por alguém que, antes, já encontrara  seu alguém.
Que destino!